Animais peçonhentos do estado do Piauí: epidemiologia dos acidentes e lista de espécies de importância médica
Benício, Ronildo AlvesCarvalho, Leonardo SousaFonseca, Mariluce Gonçalves
Os casos de envenenamentos aumentaram consideravelmente no Brasil, no entanto, para o estado do Piauí apenas dois estudos foram realizados até o momento. Aqui, investigamos, através dos formulários de notificação, as características epidemiológicas dos casos de envenenamentos ocorridos durante 11 anos na macrorregião de Picos, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. Além disso, também verificamos se as espécies registradas nos formulários de notificação correspondem às espécies que ocorrem na região. Registramos 1.249 casos de envenenamentos, sendo 41% causados por escorpiões, 35% causados por serpentes e 24% causados por aranhas. Na maioria dos casos (aracnídeos = 99%, escorpiões = 93%, serpentes = 52%) não houve a identificação da espécie causadora do acidente. A maioria das vítimas dos acidentes (66%) eram indivíduos do sexo masculino entre 18 e 24 anos de áreas rurais, picadas durante atividades de campo na estação chuvosa (janeiro a março). Os locais de lesão mais comuns foram os membros inferiores (37%) e a maioria (53%) dos acidentes foi do tipo leve. Este é o primeiro estudo que reporta o perfil epidemiológico de uma série de envenenamentos (incluindo aracnídeos e serpentes) durante 11 anos de ocorrência no estado do Piauí. Além disso, também apresentamos a primeira lista de espécies de aracnídeos e serpentes de importância médica para o estado. Nossos resultados demonstram que houve uma alta incidência de acidentes por animais peçonhentos na região centro-sul do estado, a maioria dos registros não foi notificada no SINAN, a maioria dos registros não apresentou a identificação das espécies responsáveis pelo acidente, e há registros cujas espécies foram identificadas incorretamente.(AU)
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