VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 77-89

Aspectos uterinos, foliculares e seminais que afetam a IATF em vacas de corte no período pós-parto

Andrade, Jéssica de SouzaMoreira, Elizângela MírianSilva, George Moreira daSouza, Vanessa Lemos deNunes, Vanessa Rachele RibeiroOliveira Júnior, Jair Sabio dePotiens, José RobertoPfeifer, Luiz Francisco Machado

O objetivo desse artigo é apresentar os resultados de pesquisas realizadas pelo laboratório de Biotecnologia da Embrapa Rondônia acerca de alguns dos eventos uterinos, foliculares e seminais que afetam a fertilidade de vacas submetidas a protocolos de inseminação artificial em tempo-fixo (IATF). Em avaliação retrospectiva dos resultados de IATF de 1152 vacas de corte no período pós-parto submetidas à IATF em diferentes dias pós-parto (DPP), observou-se que vacas submetidas à IATF antes de 35 DPP tem menor (P ≤ 0,05) prenhez por IA (P/IA). Além disso, no intuito de esclarecer a relação entre DPP e fertilidade dos protocolos de IATF, realizou-se um estudo prospectivo que avaliou a condição uterina de 244 vacas Nelore em diferentes DPP por meio da proporção de células polimorfonucleares (PMN) no tecido endometrial. Observou-se que as vacas submetidas à IATF antes dos 30 DPP apresentaram maior proporção de células PMN (9,0%; P < 0.001) no útero e maior descarga vaginal purulenta quando comparadas às vacas submetidas à IATF entre 31 e 45 DPP e entre 46 e 60 DPP (3,8 e 2,2 %, respectivamente; P < 0.001). Em relação à P/IA, vacas submetidas à IATF entre 31 e 35 DPP e entre 46 e 60 DPP apresentaram uma maior (P < 0.001) P/IA (45.2%, 52/115 e 52.3%, 34/65, respectivamente) quando comparado à vacas submetidas antes dos 30 DPP (29.7%, 19/64). Experimentos avaliando a resposta ovariana de vacas submetidas à IATF também foram realizados. Em estudos retrospectivos pode-se observar que a resposta ovariana de vacas apresenta-se, de acordo com a distribuição do diâmetro do folículo pré-ovulatório (FPO), de forma gaussiana. Assim, sugeriu-se atrasar a inseminação de vacas que desenvolveram menor FPO e verificou-se que vacas multíparas submetidas à protocolos de 3 manejos que desenvolvem FPOs menores podem ser inseminadas mais tarde em relação à vacas que desenvolvem FPOs maiores. Dessa forma, pode-se observar melhora na P/IA em comparação à protocolos tradicionais. Por fim, baseado no fato de que diferentes partidas de sêmen podem apresentar diferença na cinética espermática, realizou-se um experimento em que vacas com ovulação precoce e tardia foram inseminadas com sêmen hiperativado (H+) e não-hiperativado (H-). Nesse estudo observou-se que vacas com FPOs menores tem uma menor probabilidade de emprenhar quando inseminadas com sêmen H+. Em contrapartida, as vacas com ovulação tardia e precoce, quando inseminadas com sêmen H- podem alcançar boa P/IA. Conclui-se que é importante considerar um adequado período voluntário de espera para submeter vacas de corte à programas de IATF. Além disso, notou-se que é possível realizar algumas mudanças no momento da inseminação, de acordo com a resposta ovariana, que podem melhorar a fertilidade, sendo que resposta ovariana ainda pode servir como ferramenta para ser associada às características cinéticas do sêmen no intuito de aumentar a fertilidade de vacas pós-parto submetidas à IATF.(AU)

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