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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Mortalidade causada por nematódeos gastrintestinais em bovinos de corte submetidos a protocolo sanitário inadequado

Lima, Stephanie CBorges, Dyego G. LPupin, Rayane CGuizelini, Carolina CPaula, Juliana P. LBorges, Fernando ALemos, Ricardo A. A

O objetivo deste trabalho foi descrever os achados epidemiológicos, clínicos e patológicos de dois surtos de verminose em bovinos de corte mantidos sob protocolo sanitário inadequado. Um surto de tricostrongilose ocorreu em Amambai, Mato Grosso do Sul (MS), de maio a julho de 2016. O rebanho de cria era composto por 3.000 vacas Nelore, das quais, quinze vacas adultas morreram após apresentarem emagrecimento, diarreia e permanecerem em decúbito. Na necropsia, o abomaso apresentava edema das pregas, áreas brancacentas, elevadas, multifocais a coalescentes e pequenas úlceras. Na histopatologia, larvas compatíveis com nematódeos tricostrongilídeos estavam presentes no interior das glândulas do abomaso. A recuperação de helmintos do abomaso demonstrou que Trichostrongylus axei foi o principal agente etiológico. O surto de hemoncose iniciou-se em outubro de 2018, em uma propriedade de recria e terminação em Santa Rita do Pardo, MS. Do total de 4 mil bovinos com 8 a 18 meses, 673 adoeceram e 117 morreram. Os sinais clínicos foram emagrecimento, fraqueza, desidratação, edema submandibular e fezes pastosas. Na necropsia, havia grande quantidade de nematódeos no abomaso, que foram classificados morfologicamente como Haemonchus placei. Ambos os surtos foram causados por falhas no protocolo de controle parasitário, porém, no Surto I, geadas e estresse imunológico causado pela falta de alimento podem ter contribuído para as mortes. No Surto I, a principal falha no protocolo de desverminação foi o uso de anti-helmínticos sem a realização de teste de eficácia. No Surto II, não havia protocolo de controle parasitário na propriedade de recria e terminação, e na propriedade de cria, havia resistência ao anti-helmíntico utilizado (ivermectina). Os dois surtos ressaltam a importância dos protocolos de controle de nematódeos gastrintestinais em bovinos e demonstram que infecções por T. axei e H. placei podem ser letais para esta espécie.

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