Infecções animais por vírus semelhantes ao vaccínia no estado do Rio de Janeiro: uma doença em expansão
Schatzmayr, Hermann GSimonetti, Bruno RAbreu, Danielle CSimonetti, José PSimonetti, Sandra RCosta, Renata V. CGonçalves, Márcia Cristina RD'Andréa, Paulo SérgioGerhardt, MarconnySilva, Manuel E. VieiraFarias-Filho, José CBarth, Ortrud M
Neste estudo avaliou-se a presença de infecções por vírus semelhantes ao vírus vaccínia (VACV) em gado leiteiro em 12 municípios no estado do Rio de Janeiro, ao longo dos últimos nove anos. Amostras clínicas foram coletadas de animais com vesículas, pústulas e crostas no úbere e tetas, e da região do nariz e da cavidade oral de bezerros. Um teste de neutralização viral por redução de placas foi desenvolvido para investigar a presença de anticorpos contra Orthopoxvirus. Os fluidos de vesículas / pústulas e as crostas foram testadas por PCR, microscopia eletrônica (ME) e por inoculação em células VERO para isolamento viral. Anticorpos contra Orthopoxvirus foram detectados na grande maioria dos animais. O teste de PCR demonstrou homologia entre os vírus isolados e amostras de vírus vaccínia usados como controles. Na ME, partículas típicas de Orthopoxvirus foram observadas em vários espécimes analisados. Os vírus isolados em cultivo celular foram confirmados como Orthopoxvirus por PCR e ME. O gene HA da amostra Cantagalo/IOC isolada em nosso laboratório foi seqüenciado e comparado com outras amostras semelhantes ao vaccínia, mostrando uma alta homologia com a amostra original Cantagalo, tendo sido as duas amostras isoladas em 1999 de gado leiteiro. Anticorpos para Orthopoxvirus foram detectados em um roedor silvestre do gênero Akodon sp. coletado na região noroeste do estado, sugerindo uma circulação de poxvírus na natureza. No entanto, os testes de PCR aplicados a tecidos de roedores silvestres foram negativos. Infecções vesiculares / pustulares em humanos que mantinham contato com os animais afetados também foram relatadas. Assim, infecções por amostras semelhantes ao vírus VACV em bovinos e em humanos parecem em expansão no estado, gerando perdas econômicas em animais e quadros de doença incapacitante temporária em pacientes humanos. Dessa forma, a possibilidade da imunização do gado leiteiro no estado deve ser devidamente avaliada.(AU)
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