Descrição do sincrânio de Cavia aperea (Rodentia, Caviidae) e comparação com as demais espécies do gênero no Brasil
José Cherem, JorgeFerigolo, Jorge
O gênero Cavia inclui quatro espécies no Brasil, C.aperea (pelo menos duas subespécies, C.a.aperea e C.a.pamparum), C.magna, C.intermedia e C.fulgida. Visando contribuir para o conhecimento da anatomia e para a distinção dessas espécies, descreve-se o sincrânio (crânio e mandíbula) de exemplares de C.a.pamparum do Rio Grande do Sul e compara-se com exemplares de C.magna deste estado e de Santa Catarina, C.intermedia da ilha de Moleques do Sul, na costa catarinense, e C.fulgida de Minas Gerais e Paraná. Cavia aperea possui crânio baixo e longo; rostro comprimido lateralmente; constrição interorbital marcada; órbita elíptica com ampla comunicação com a fossa temporal; forâmen infra-orbital amplo e deprimido; mandíbula longa e baixa, com processo angular não refletido lateralmente; fórmula dentária 1I.0C.1P.3M; dentes hipselodontes; molariformes formados por dois prismas, o anterior laminar e o posterior cordiforme. Cavia aperea distingue-se de C.magna pelo menor desenvolvimento da porção rostral do crânio e da raiz ventral do processo zigomático do maxilar; forâmen infraorbital mais deprimido; porção posterior dos frontais e parietais menos convexos; apófises paraoccipitais mais curtas e curvas anteriormente; incisivos superiores mais estreitos e geralmente opistodontes (proodontes em C.magna); fenda terciária externa (fte) mais profunda e com mais cemento; prolongamento anterior à fte mais desenvolvido e constrição na base do prolongamento posterior. Cavia intermedia possui jugal curto; fossa jugal reduzida/ausente; depressão na região interorbital bem marcada; crista sagital larga; constrição lateral no basisfenóide tênue; forâmen magno amplo; supra-occipital baixo; fte rasa e prolongamento anterior pouco desenvolvido; p4 com prisma posterior tão largo quanto o anterior; m3 com prisma anterior mais largo que o posterior e fenda secundária interna menos profunda. Cavia fulgida caracteriza-se por suas dimensões menores e fte muito profunda. Entretanto, exemplares do sul do Brasil com estes caracteres, mas coloração não típica de C.fulgida, podem pertencer à C.aperea, sendo necessários mais estudos para esclarecer esta questão.
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