Relationships between morphology, diet and spatial distribution: testing the effects of intra and interspecific morphological variations on the patterns of resource use in two Neotropical Cichlids
Sampaio, Ana Lucia APagotto, Joao Paulo AGoulart, Erivelto
Considerando a morfologia, a dieta e a distribuição espacial de Satanoperca pappaterra e Crenicichla britskii (Perciformes: Cichlidae) na planície de inudação do alto rio Paraná (Brasil) as seguintes questões foram investigadas: (1) A forma do corpo pode ser utilizada para predizer o uso dos recursos espaciais e tráficos por ambas as espécie? (2) As relações entre morfologia e uso dos recursos tráficos e espaciais podem ser estendidas à escala intraespecífica? (3) Quais são as características morfológicas utilizadas para predizer a variação na dieta e ocupação do em nível intra e interespecífico? Testou-se a hipótese de que diferenças intra e interespecíficas nos padrões morfológicos implicam em diferentes formas de exploração dos recursos, sendo que a partir de análises ecomorfológicas é possível identificar a segregação do nicho tráfico e espacial. Os peixes foram amostrados em diferentes tipos de hábitats (rios, canais secundários, lagoas conectadas e desconectadas) na planície de inudação do alto rio Paraná. Análises de conteúdo estomacal foram realizadas a fim de caracterizar os padrões alimentares, enquanto vinte e dois índices ecomorfológicos foram calculados com base nas medidas morfométricas lineares e áreas. A análise de componentes principais (PCA) realizada com os referidos índices evidenciou a formação de dois eixos significativos: no eixo 1 houve uma ordenação ecomorfológica de acordo com o tipo de hábitat explorado, independentemente da espécie considerada. Nesse sentido, indivíduos de ambas as espécie coletados em ambientes lóticos tenderam a apresentar características morfológicas que propiciam maior capacidade de movimentos progressivos e retrógrados, frenagens e natação contínua, enquanto os indivíduos encontrados em ambientes lênticos e semi-lóticos apresentaram morfologia adaptada à maior capacidade de manobrabilidade e estabilização em guinadas. Por outro lado, o eixo 2 evidenciou segregação ecomorfológica relacionada à dieta, revelando uma divergência entre S. pappaterra e C. britskii. Essa relação entre morfologia e uso dos recursos espacial e alimentar foi confirmada pela significância do teste de Mantel realizado em nível intra e interespecífico. Portanto, a hipótese pressuposta foi aceita, sugerindo que análises que incorporam variações morfológicas intra e interespecíficas podem contribuir para o maior entendimento sobre a estrutura das assembleias de peixes, propiciando evidências acerca das características do nicho de cada espécie.(AU)
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