Deficient downstream passage through fish ladders: the case of Peixe Angical Dam, Tocantins River, Brazil
Pelicice, Fernando MayerAgostinho, Carlos Sérgio
A passagem descendente de peixes em mecanismos de transposição permanece pouco investigada na América do Sul. Inspirado nessa falha, o presente estudo monitorou a escada de peixes instalada na barragem da UHE Peixe Angical, alto rio Tocantins, entre setembro de 2009 e agosto de 2010. Para investigar a extensão da passagem rio abaixo, a fauna de peixes foi amostrada mensalmente em (i) locais acima e abaixo da barragem, e (ii) dentro da escada. Para identificar corretamente movimentos ascendentes e descendentes dentro da escada, o mecanismo permaneceu aberto (fluxo permanente de água), mas uma tela impediu a passagem completa dos peixes em ambas as direções. Os resultados indicam que a escada é restritiva ao movimento dos peixes em ambos os sentidos, considerando que poucas espécies tiveram acesso ao mecanismo (de um total de 119 espécies na área, apenas 31 ocorreram na escada). O monitoramento revelou, entretanto, que a passagem descendente é consideravelmente mais limitada; apenas 18 espécies foram registradas descendo o mecanismo. Além disso, poucos peixes tentaram descer a escada ao longo do ano; de todos os peixes capturados na escada (n = 17,335), apenas 4% desempenhava movimentos descendentes. Espécies executando apenas movimentos descendentes tiveram baixa abundância ou foram infrequentes, e apenas quatro somaram quase toda captura. Enfatizamos que diversas espécies executaram movimentos exclusivos rio acima, ou apresentaram elevado fluxo de indivíduos subindo a escada. Consequentemente, a razão entre o número de peixes subindo e descendo o mecanismo (peixes/m²) apresentou valores positivos e elevados ao longo do ano (644:1 em média, considerando todas as espécies); espécies migradoras apresentaram valores ainda maiores (1069:1). A escada é, portanto, criticamente deficiente para a descida de peixes migradores e não-migradores, facultando apenas movimentos unilaterais rio acima. Concluímos que a escada de Peixe Angical não desempenha papel conservacionista, com risco de causar impactos sobre populações de peixes e complicar esforços alternativos de conservação.(AU)
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