VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 125-138

Doramectina, em doses calculadas por extrapolação alométrica interespecífica, no tratamento de sarna demodécica canina

Pachaly, José RicardoSilva, Regiane Pereira Baptista daBelettini, Salviano Tramontin

Este artigo apresenta os resultados de dois estudos referentes ao uso injetável semanal de doramectina (Dectomax®) para o tratamento de cães acometidos por sarna democécica, em doses calculadas por meio de extrapolação alométrica interesopecífica, usando como modelo a dose indicada para um bovino de 500kg (200 mcg/kg). O primeiro deles é um estudo retrospectivo sobre os resultados do emprego dessa macrocíclica em 321 cães adultos, sendo 172 machos (53,58%) e 149 fêmeas (46,42%), com pesos entre 1,0 e 89,50 kg (14,30±13,92), portadores da forma generalizada da enfermidade, realizado entre 1999 e 2008, em diversas clínicas e hospitais do Brasil, com diagnóstico laboratorial e acompanhamento clínico. O segundo estudo se refere aos resultados de um projeto de pesquisa em que 15 cães portadores de sarna demodécica, sendo sete (46,33%) da forma localizada e oito (53,66%) da forma generalizada, foram tratados seguindo o mesmo protocolo, porém com rigorosa avaliação laboratorial e acompanhamento clínico prolongado dos pacientes após o término do tratamento. Os animais eram oito machos (53,33%) e sete fêmeas (46,66%), com idades entre três e 60 (20,3±17,4) meses e pesando entre 2,8 e 45,5 916,6±13,56) kg no momento do diagnóstico de sarna demodécica e administração da primeira dose do fármaco. No primeirp estudo o número de semanas de tratamento até a cura completa variou entre seis e 14 semanas para 301 animais (93,77%), sendo que em outros 20 pacientes (6,23%) houve recidiva após a 14ª semana, e necessidade de tempo adicional de tratamento. Desse 20 animais, 18 (5,6%) ficaram curados após um número total de 20 semanas de tratamento, e dois (0,62%) não tiveram recuperação satisfatória, evoluindo para eutanásia. No segundo estudo, o número de semanas de tratamento variou entre quatro e 15 (8,33±,3,72), sendo de cinco a 15 (10,5±3,30) semanas nos pacientes portadores da forma generalizada (n=8) e apenas de quatro a sete (5,85±2,68) semanas nos portadores da forma localizada (n=7). A diferença entre o número de semanas de tratamento entre portadores das formas generalizada e localizada foi muito significativa (p=0,0019). A imobilidade dos ácaros ao exame microscópico, primeiro indício da negativação laboratorial e da cura clínica ocorreu entre uma e 13 (6,33±3,72) semanas após o início do tratamento com doramectina, sendo de 8,50±3,30 semanas para os portadores da forma generalizada e apenas de 3,85±2,68 semanas para portadores da forma localizada. A doramectina mostrou ser extremamente eficiente no tratamento de sarna demodécica localizada e generalizada canina, quando empregada semanalmente por via subcutânea, em doses calculadas por meio de extrapolação alométrica interespecífica, pois em ambos os estudos mais de 99,0% dos animais tratados apresentaram recuperação plena ao final do tratamento, sem apresentar quaisquer efeitos colaterais dignos de nota. É importante frisar que em nenhum dos paciente de ambos os estudos foi empregado qualquer outro tipo de agente terapêutico além da doramectina(AU)