VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 128-144

Infecção por rangelia vitalli (Nambiuvú, Peste de Sangue) em caninos: revisão

Loretti, Alexandre PaulinoBarros, Severo Sales

Rangelia vitalli é um protozoário transmitido por carrapatos que provoca uma doença em caninos, conhecida popularmente como “peste de sangue”, “nambiuvú” ou “febre amarela dos cães”. Afeta principalmente cães jovens das zonas rurais e periurbanas, cães caçadores e cães militares. A doença usualmente é observada nas épocas mais quentes do ano, quando a quantidade de carrapatos no ambiente é grande, mas também pode ser vista ao longo do ano, inclusive em cães adultos. Causa anemia, icterícia, febre, espleno e linfadenomegalia, hemorragias no trato gastrintestinal (“nambiuvú das tripas”) e sangramento persistente pelas bordas e face externa das orelhas, narinas e cavidade oral. O hemograma dos animais afetados é consistente com o de uma anemia hemolítica extravascular auto-imune. Esterocitose e eritrofagocitose são achados típicos dessa anemia imunomediada. Histologicamente, R. vitalli tem sido observado no interior de vacúolos parasitóforos no citoplasma das células endoteliais de capilares sanguíneos. Estudos em microscopia eletrônica revelam que esse parasito pode ser encontrado não apenas no endotélio, mas também livre no sangue circulante. A ultra-estrutura de R. vitalli e de seu vacúolo parasitóforo é semelhante à de outros protozoários do filo Apicomplexa, ordem Piroplasmorida. O diagnóstico presuntivo dessa enfermidade é feito com base no histórico, quadro clínico, hemograma e resposta favorável à terapia. O diagnóstico definitivo dessa protozoose tem sido feito através do exame microscópico de esfregaços de tecidos confeccionados durante a necropsia ou em cortes histológicos. Sugere-se que os carrapatos ixodídeos Rhipicephalus sanguineus e Amblyomma aureolatum sejam os vetores de R. vitalli nas zonas periurbanas e rurais, respectivamente. Tem sido especulada a participação de um reservatório silvestre no ciclo biológico de R. vitalli, que manteria esse protozoário no meio rural(AU)