Campylobacter em carcaças resfriadas de frangos: análise espacial do fator de risco para a saúde pública
Modolo, José RafaelAugusto Filho, OtávioPinto, José Paes de Almeida NogueiraPadovani, Carlos Roberto
As enfermidades diarréicas em seres humanos constituem um problema de saúde pública no mundo, especialmente em países em desenvolvimento, onde várias espécies de Campylobacter têm sido responsabilizadas como um dos mais importantes agentes etiológicos dessa enteropatia. Essas espécies são amplamente isoladas de animais de sangue quente e a maioria das infecções por Campylobacter possui caráter zoonótico. As aves constituem os maiores reservatórios do Campylobacter jejuni e Campylobacter jejuni e Campylobacter coli, e os produtos avícolas comercializados são vistos como importante veículo de transmissão desses agentes para o homem. Nesse contexto, objetivou-se neste trabalho identificar espécies de Campylobacter em carcaças resfriadas de frangos, comercializadas nas regiões central e periférica de Botucatu São Paulo, Brasil, e verificar a abrangência dos postos de venda do produto em relação à área territorial urbana do município (32 Km²) e o fator de risco para a saúde pública. Campylobacter foi pesquisado em 400 carcaças resfriadas de frangos, comercializadas em 50 na periferia do município. O isolamento do sanguinolento das carcaças, por filtração e por semeadura direta em meio de Butzler, com incubação, em microaerofilia, respectivamente a 37ºC e a 43ºC, para, não, então, proceder a classificação bioquímica. O sistema de informações geográficas foi aplicado para visualização do padrão especial e do fator de risco para a saúde pública. Houve associações significativas entre região e estabelecimentos, com ocorrência maior naqueles da região central (P<0,001), o mesmo acontecendo na análise estatística espacial, que indicou autocorrelação positiva entre os dados. Os isolamentos de Campylobacter mais freqüentes foram nas carcaças vendidas nos estabelecimentos da região central; das 101 (25,2 por cento) carcaças contaminadas, 76 procederam do centro contra 25 da periferia (P<0,001). A classificação bioquímica revelou que C. jejuni e C. jejuni/coli estiveram presentes nas carcaças, respectivamente 15 por cento e 10,2 por cento (P<0,05). O encontro significativo de espécies de Campylobacter zoonóticas, em frangos vendidos para o consumo humano, deve ser motivo de preocupação, principalmente na região central. Há um fator de risco de infecção, tanto pelo consumo direto quanto pelos subprodutos. Na área estudada, há uma média de 1,5 estabelecimentos positivos para Campylobacter por km²; num raio de 1500 metros foram todos positivos.