Viver na cidade e produzir no campo: o crescimento de um novo tipo de agricultor e de agricultura no Brasil
Fiúza, Ana Louise de CarvalhoCarvalho, Angelita Alves dePinto, Neide Maria de Almeida
Morar em bairros rurais sempre foi uma característica dos pequenos e médios agricultores brasileiros. No entanto, ao se observar os censos agrícolas de 2006 e 2017, realizados no Brasil, nota-se uma tendência de separar o local de trabalho e residência dos agricultores. O objetivo deste artigo é analisar a dupla residência e o fenômeno do deslocamento pendular de agricultores nos municípios da Zona da Mata Mineira (ZMM), importante região cafeeira de Minas no Brasil, e discutir suas possíveis causas e impactos na região. A pesquisa utilizou dados dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas e modelos de regressão linear multivariada a fim de compreender melhor os fatores que se correlacionam com o percentual de proprietários residentes em cidades dos municípios da região. Os resultados mostraram que, no caso da ZMM, o crescimento da residência urbana dos agricultores mais expressivo do que as demais regiões do país deve-se, principalmente, ao predomínio de pequenos produtores de café. Além disso, morar na cidade não significa abandonar os estabelecimentos agrícolas uma vez que a moradia na cidade não impede o trabalho diário no campo. Concluiu-se que a residência urbana dos agricultores constituiu uma estratégia reprodutiva que possibilitou que estes realizassem outras atividades (principalmente não-agrícola) assim como o recebimento de aposentadorias e pensões que complementam a renda agrícola e, consequentemente, a manutenção do estabelecimento agrícola.
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