Ergonomia e complexidade: o trabalho do gestor na agricultura orgânica na região de Campinas - SP
Francisca Bezerra Gemma, SandraJosé Andrade Tereso, MauroFunes Abrahão, Roberto
A lacuna de pesquisas sobre o trabalho humano na agricultura orgânica motivou este estudo, que teve por objetivos caracterizar e compreender o trabalho do gestor no manejo orgânico da produção agrícola. A pesquisa de campo, realizada em duas etapas, permitiu investigar o trabalho dos gestores em Unidades de Produção Agrícola Orgânica (UPAO) do interior de São Paulo, por meio da adaptação do método da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) e de entrevistas estruturadas. Os dados de campo foram posteriormente interpretados à luz da Teoria da Complexidade (TC). Constatou-se que o gestor da agricultura orgânica é responsável por um macrossistema (produção vegetal, produção animal, processamento e serviços), atuando concomitantemente como administrador e executor do trabalho. A grande variedade de produtos oferecidos pela agricultura orgânica gera a necessidade de expertise do gestor no trato com as diferentes espécies vegetais e na sua integração com os demais sistemas de produção. Concluiu-se que o trabalho executado pelos gestores é caracterizado pela diversidade de atividades que precisam ser realizadas e integradas dentro do macrossistema, em associação com os determinantes do processo de certificação num contexto de falta de tecnologia adequada e de cenários incertos e variados. Cabe ao gestor incorporar e transformar em práticas de trabalho os preceitos ecológicos, econômicos e sociais de sustentabilidade, que podem ser contraditórios entre si, integrar essas múltiplas dimensões, por meio do desenvolvimento e da conexão de variados saberes e competências, e elaborar estratégias para superar as diversas dificuldades relacionadas com os aspectos tecnológicos, financeiros e humanos na agricultura orgânica.
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