Cardiomiopatia de cães da raça Cocker Spaniel Inglês: aspectos clínicos, eletrocardiográficos, radiográficos e ecocardiográficos
Pereira, LucianoHelena Matiko Akao Larsson, MariaLeomil Neto, MoacirSandoli de Brito, Fábio
Face aos poucos relatos sobre a cardiomiopatia na raça Cocker Spaniel Inglês na literatura compilada, o presente trabalho visou contribuir para melhor elucidação das lacunas relativas ao seu diagnóstico, e somar conhecimentos para sua caracterização com relação aos aspectos clínicos, eletrocardiográficos, radiográficos e ecocardiográficos. Os estudos foram conduzidos em vinte animais da raça Cocker Spaniel Inglês, portadores da cardiomiopatia dilatada e submetidos à avaliação clínica, eletrocardiográfica, radiográfica, ecocardiográfica, exames laboratoriais e determinação da pressão arterial. O tratamento foi individualizado na dependência da gravidade da insuficiência cardíaca congestiva. Os resultados obtidos confirmaram o longo período assintomático da doença, sendo a insuficiência cardíaca congestiva o evento terminal, em decorrência da perda continuada da força contrátil do miocárdio. A idade média dos animais acometidos foi de sete anos. A sintomatologia foi diretamente relacionada com a diminuição do débito cardíaco. A maioria dos animais apresentou uma evolução clínica favorável da insuficiência cardíaca congestiva; todavia, naqueles com severa cardiectasia ao exame radiográfico, surgimento abrupto de taquiarritmias atriais e redução acentuada da função contrátil ao ecocardiograma, observou-se a ocorrência de uma insuficiência cardíaca congestiva esquerda e também direita, refratárias ao protocolo terapêutico empregado. A eletrocardiografia representou o exame subsidiário de maior diferenciação em relação ao padrão congestivo das raças grandes e gigantes. A maioria dos animais revelou variações do ritmo sinusal, sendo as arritmias supraventriculares observadas nos animais com aumentos importantes das câmaras atriais, constituindo, ainda, aqueles de prognóstico mais reservado. O aumento da amplitude da onda R, a maior duração do complexo QRS e a maior profundidade da onda Q, na derivação II, constituíram um bom indicador para o seu diagnóstico. Uma correlação positiva entre os achados eletrocardiográficos e ecocardiográficos foi observada somente em relação à duração do complexo QRS. A função ventricular apresentou valores médios de 19 %, sendo observados índices inferiores a 12 % em cinco animais, indicativo de severa disfunção contrátil. Não obstante, a longa sobrevida de um destes animais indicou a baixa confiabilidade dos índices de ejeção como fator único na determinação de um prognóstico.
Texto completo