Adaptação das plantas ao fogo: enfoque na transição floresta - campo
Heringer, IngridVictor Ávila Jacques, Aino
A presença de campos entremeados pela floresta de araucária, na região do planalto meridional sul brasileiro, surpreende os estudiosos, pois a vigorar o clima atual, de maiores precipitações, a tendência seria o desenvolvimento de vegetação florestal. Os distúrbios, sobretudo a interação fogo-pastejo, e as baixas temperaturas da região, são os grandes responsáveis pelos limites e expansão da floresta latifoliada, e predomínio daquele tipo de vegetação. A vegetação campestre e arbórea submetida por longo período a fogos recorrentes desenvolveu uma série de estratégias no sentido de tolerar, evitar ou responder ao fogo. A resposta individual das plantas ao fogo envolve alterações morfológicas e fisiológicas, enquanto, na comunidade, observam-se mudanças na dinâmica da associação entre espécies. Na vegetação campestre, as gramíneas são o componente da comunidade mais tolerante ao fogo, devido ao contínuo crescimento dos meristemas intercalares e de novos afilhos que crescem protegidos no solo ou na bainha de folhas velhas. O fogo estimula o florescimento em plantas cuja forma de crescimento evita grande perda de material na queima. Também promove a liberação de sementes através do choque térmico ou de substâncias liberadas na fumaça. Na comunidade, os efeitos do fogo sobre as plantas são sentidos em relação ao modo de sobrevivência, natureza e localização dos tecidos regenerados. O comportamento das plantas em relação à queima pode ser como dependentes (estímulo à reprodução), resistentes (estímulo ao rebrote), ou plantas que evitam o fogo (ciclo anual). Portanto, o fogo tem complexos efeitos sobre a estrutura da vegetação, sendo que espécies vegetais sensíveis e tolerantes à queima tem diferentes sítios de preferência no ambiente.
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