Mudança transitória da cor da pele e pelo após tricotomia da região sacrococcígea para anestesia epidural em gata doméstica (Felis catus)
Dourado, Amândio José SoaresCordero, Ignacio SándezGomes, Anabela Filipa RodriguesLobo, Luís Pedro Rodrigues de LimaDias, Maria Isabel Ribeiro
Descreve-se um caso clínico no qual ocorreu mudança na cor da pele e do pelo após anestesia epidural sacrococcígea numa gata cruzada de raça Siamês de nove meses submetida à ovariohisterectomia (OVH). Seis semanas após a cirurgia, durante uma avaliação pós-operatória, notou-se que na região sacrococcígea, a cor da pele e o crescimento do pelo apresentavam uma cor escura, comparável à das extremidades do corpo (face, orelhas, membros e cauda). A pele e o crescimento do pelo do abdómen, que também havia sido tosquiado, apresentavam uma cor padrão. A enzima chave da via melanogênica em mamíferos é a tirosinase (TYR) e o fenótipo siamês sensível à temperatura é o resultado de mutações genéticas que tornam a função TYR termolábil. A atividade da TYR nestes gatos é limitada às extremidades onde a temperatura é mais baixa, enquanto a produção de pigmento é prejudicada em outras áreas do corpo. A tricotomia da região sacrococcígea realizada durante o inverno nesta gata com acesso livre ao ambiente externo, provavelmente determinou um aumento da atividade da TYR nesta área, promovendo a produção de pigmento. A ausência das mesmas alterações na região abdominal pode ser justificada pela menor exposição desta área do corpo ao ambiente externo, também devido aos hábitos felinos de sedentarismo, que evitam resfriamento significativo nestas regiões. Este relato destaca a importância de se levar em consideração a possibilidade deste tipo de ocorrência quando da realização de uma anestesia epidural nesta raça de gatos. Além disso, os autores recomendam uma abordagem abdominal na linha média ao invés de uma abordagem de flanco para realizar a OVH nesta raça, a fim de evitar a alteração da cor da pele.(AU)
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