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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Percepção e conhecimento sobre pragas e inimigos naturais por agricultores orgânicos ou em transição agroecológica

Teixeira, P. L. PSpagnuolo, F. AFerreira, J. MTelles, T. S

O conhecimento acerca dos insetos-pragas é essencial para a agricultura, pois estas podem causar grandes prejuízos às culturas. É igualmente importante conhecer os inimigos naturais que ajudam no controle das populações de insetos-pragas, reduzindo a aplicação de inseticidas e promovendo a sustentabilidade da produção. A capacidade de reconhecer e identificar os inimigos naturais é ainda mais relevante para produtores que utilizam técnicas de manejo de base agroecológica, menos agressivas ao meio ambiente, como o controle biológico de pragas. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi verificar o nível de conhecimento dos agricultores orgânicos, ou em transição agroecológica, na identificação de pragas e inimigos naturais, e compreender como o perfil socioeconômico desses agricultores influencia no seu entendimento sobre as relações ecológicas entre insetos e agroecossistema. Foi realizada uma pesquisa do tipo survey, na qual 41 agricultores orgânicos, ou em transição agroecológica, foram entrevistados presencialmente. Os agricultores, em geral, foram capazes de reconhecer e identificar as pragas em suas lavouras, mas não tiveram o mesmo sucesso em relação aos inimigos naturais, evidenciando o desconhecimento da importância ecológica desse grupo de insetos no contexto do manejo integrado de pragas. Observou-se que as espécies com maior número de acertos na identificação foram: Aphis gossypii (100%), Bemisia tabaci (100%), Tuta absoluta (97,6%), Frankliniella sp. (95,1%) e Agrotis ípsilon (92,7%), sendo todas categorizadas como pragas. Já as espécies com menores acertos foram: Lebia concinna (53,7%), Callida sp. (53,7%), Allograpta sp. (36,6%), Orius spp. (19,5%) e o percevejo da família Reduviidae (17,1%), todas pertencentes ao grupo dos inimigos naturais. Nesse contexto, verifica-se a necessidade de ações da assistência técnica e extensão rural direcinadas a capacitação desse agricultores em controle biológico, para conservação e criação de habitats para os inimigos naturais nas propriedades.

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