Larvas de Contracaecum sp. Railliet & Henry, 1912 (Nematoda: Anisakidae) parasitando Astyanax lacustris (Lütken, 1875) (Characiformes, Characidae) e Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) (Cichliformes, Cichlidae) no Rio Pardo, Estado de São Paulo, Região Sudeste do Brasil
Rocha, H. LAguiar, J. C. CNarciso, R. BFerreira-Silva, CVieira, D. H. M. DSilva, R. J
Astyanax lacustris (n = 26) e Geophagus brasiliensis (n = 28) foram coletados de dois locais de amostragem ao longo do Rio Pardo, em Botucatu, São Paulo, Brasil, e examinados para parasitas. Nematoides foram encontrados encistados na serosa intestinal, coração e tecido adiposo. A análise morfológica identificou os helmintos como larvas L3 de Contracaecum, o que foi posteriormente confirmado por análises moleculares usando genes da subunidade 2 do citocromo c oxidase (COX II) e do DNA ribossômico da subunidade grande (28S). Inferências filogenéticas colocaram essas larvas dentro de um clado bem suportado de Contracaecum neotropical e panamenho, contendo sequências de Contracaecum jorgei (Argentina e Colômbia) e outras sequências identificadas como Contracaecum sp. e Contracaecum multipapillatum (México, Costa Rica e Guatemala). Análises de distância molecular sugerem que esta linhagem Neotropical/Panamenha de Contracaecum representa uma única espécie, destacando o fato de que C. multipapillatum é atualmente não monofilético, com linhagens divergentes distribuídas pelas regiões Neártica, Paleártica, Oriental e Neotropical. A análise de haplótipos apoia esta hipótese e sugere ainda que eventos recentes de especiação ou fluxo gênico em andamento podem estar ocorrendo dentro destas linhagens Neotropicais/Panamenhas de Contracaecum. Este novo registro de larvas de Contracaecum sp. infectando peixes no Rio Pardo, Brasil, permite que interpretações importantes sejam feitas sobre a filogenia deste gênero, que é suspeito de ter potencial zoonótico, embora nenhuma infecção humana tenha sido relatada nas Américas.
Texto completo