Biologia reprodutiva de Talisia esculenta (Cambess.) Radlk. (Sapindaceae)
Silva, M. L. M.Araújo, L. D. A.Alves, E. U.Nascimento, M. G. R.Silva, R. S.Silva, M. J.Silva, H. F.
Resumo A família Sapindaceae possui espécies com diferentes estratégias reprodutivas e sistemas sexuais, no entanto, a dioicia é mais rara e tem sido pouco investigada em espécies arbóreas. Analisamos a biologia reprodutiva de Talisia esculenta, com o objetivo de compreender o seu sistema sexual e potencial reprodutivo. Para isso, analisamos a biologia floral e o sistema reprodutivo em populações naturais de T. esculenta. A espécie tem dois morfos sexuais: indivíduos com flores morfologicamente hermafroditas, mas funcionalmente pistiladas, caracterizados como femininos e indivíduos com flores estaminadas, caracterizados como masculinos. As flores hermafroditas produzem pólen viável, mas não se autopolinizam devido à forte hercogamia e indeiscência permanente das anteras, portanto, são funcionalmente femininas. Essas características classificam T. esculenta como uma espécie alógama e androdioica, do tipo dioica funcional. A polinização natural e a manual entre indivíduos masculinos e femininos formou maior porcentagem de frutos com qualidade significativamente superior do que os frutos da polinização cruzada manual entre indivíduos femininos. Mesmo assim, a taxa de formação de frutos nesses cruzamentos foi de apenas 25% do investimento floral. A espécie é xenogâmica obrigatória e investe no elevado display floral (75% das flores) para atração de polinizadores. Essa é uma característica sexual secundária que favorece a polinização. Os testes de polinização indicam que os polinizadores locais são efetivos, sugerindo que outros fatores podem influenciar na baixa taxa de frutificação natural. Estudos genéticos e filogenéticos são necessários para compreender a androdioicia e o comportamento reprodutivo de T. esculenta.
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