Padrões e inferências associadas com encalhes de tartarugas marinhas no Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil
Poli, CLopez, L C SMesquita, D OSaska, CMascarenhas, R
Este estudo analisou encalhes de tartarugas marinhas na costa do Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, de agosto de 2009 a julho de 2010. Neste período, 124 encalhes foram registrados: tartaruga-verde Chelonia mydas (n = 106), tartaruga-de-pente Eretmochelys imbricata (n = 15), tartaruga-oliva Lepidochelys olivacea (n = 2) e cabeçuda Caretta caretta (n = 1). Dentre todas as tartarugas que tiveram o Comprimento Curvilíneo da Carapaça (CCC) medido (n = 122), apenas 12 indivíduos (9,7%) foram considerados adultos. Vinte indivíduos tinham detritos antropogênicos sintéticos no trato gastrointestinal. Em 43 indivíduos, outros vestígios de interações humanas foram observados, tais como lesões causadas por emaranhamento em linhas ou redes de pesca, colisões com embarcações, contato direto com derramamentos de óleo e lesões causadas por objetos perfurocortantes. Além disso, em 28,5% das tartarugas encalhadas, foi observada a presença de tumores externos sugestivos de fibropapilomatose e em 9,7%, foram observadas marcas de mordidas de tubarão. Dos 107 indivíduos sexados, 76 eram fêmeas e 31 eram machos. A maioria das tartarugas (72,6%) encalhou durante a primavera/verão (entre outubro e março). Foram encontrados sinais de interações humanas (lesões) em metade dos encalhes, mas na maioria dos casos, não foi possível determinar se tais interações foram a causa da morte. A regressão logística encontrou uma relação significativa entre CCC e ingestão de detritos, lesões causadas por objetos perfuro-cortantes e ataques de tubarões. A coleta sistemática de dados de tartarugas marinhas encalhadas pode fornecer informações biológicas úteis, tais como padrões sazonais e espaciais na sua ocorrência e mortalidade, estrutura etária, razão sexual, dieta, bem como possíveis causas de mortalidade.(AU)
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