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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Analysis of the microstructure of Xenodontinae snake scales associated with different habitat occupation strategies

Rocha-Barbosa, O.Moraes e Silva, RB.

A morfologia de muitos organismos parece estar relacionada ao ambiente em que eles vivem. No entanto, muitas serpentes são tão similares nos seus padrões morfológicos que se torna difícil distinguir qualquer divergência adaptativa existente. Muitos autores sugerem que as micro-ornamentações nas escamas de répteis possuem importante valor funcional. Neste trabalho, examinamos variações na micromorfologia da superfície oberhautchen exposta das escamas ventrais, laterais e dorsais da região medial de serpentes Xenodontinae: Sibynomorphus mikani (terrestre), Imantodes cenchoa (arbórea), Helicops modestus (aquática) e Atractus pantostictus (fossorial). Estas foram metalizadas e analisadas por microscopia eletrônica de varredura. Todas as espécies apresentaram microestruturas similares, tais como microcovas e espículas, que estão normalmente orientadas para a região caudal da escama. Por outro lado, houve algumas diferenças singulares em relação ao formato da escama e padrão microestrutural de cada espécie. S. mikani e I. cenchoa possuem espículas grandes arrumadas em linhas que sobrepõem as camadas seguintes da superfície da escama. Em espécies que possuem longas denticulações sobrepostas sobre as bordas posteriores das células, é esperado que haja uma maior resistência friccional da direção posterior para anterior das escamas. Isso pode favorecer a vida em ambientes que precisam de maior atrito, facilitando a locomoção. Em H. modestus, as espículas são menores e mais afastadas das linhas posteriores, o que pode reduzir o atrito com a água durante a natação. As microcovas mais rasas encontradas nesta espécie podem reter substâncias impermeáveis, como nas serpentes Colubridae aquáticas. As espículas que aderem às escamas caudais de A. pantostictus parecem formar uma superfície mais regular, o que provavelmente auxilia na locomoção fossorial, reduzindo o atrito com o solo. Nossos dados parecem corroborar a importância da microestrutura funcional, contribuindo para a hipótese de adaptação das espécies de serpentes aos seus microhabitats preferenciais.

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