Effects of flooding regime on the feeding activity and body condition of piscivorous fish in the Upper Paraná River floodplain
Luz-Agostinho, KDG.Agostinho, AA.Gomes, LC.Júlio-Jr., HF.Fugi, R.
Os pulsos naturais de cheias são considerados fundamentais para o sucesso no recrutamento de peixes e no enriquecimento das planícies de inundação pela incorporação de nutrientes e biomassa terrestre, atuando positivamente na condição dos organismos aquáticos. O presente trabalho pretende avaliar se a ausência dos pulsos anuais, resultantes do controle por reservatórios hidrelétricos, afeta a atividade alimentar e a condição corporal de peixes piscívoros e se este grupo trófico responde de maneira similar às alterações no regime de cheias. Para isto foram selecionadas cinco espécies: Acestrorhynchus lacustris, Hoplias aff. malabaricus, Plagioscion squamosissimus, Rhaphiodon vulpinus e Salminus brasiliensis, capturadas em quatro anos distintos e em três subsistemas com variações hidrométricas diferenciadas (Ivinheima, não regulado; Baía, influenciado pelo regime hídrico do Rio Paraná, e Rio Paraná, nível regulado por represas). A atividade alimentar e a condição corporal foram avaliados através dos valores médios dos resíduos padronizados, gerados pelas regressões entre os logaritmos do peso total e peso do estômago e peso total e comprimento padrão, respectivamente, sendo as diferenças entre anos e subsistemas avaliadas pela análise de variância fatorial (ANOVA). Correlações de Pearson e Spearman entre os atributos hidrográficos (duração, magnitude, época e variabilidade diária) e a atividade alimentar e condição corporal foram analisadas. A atividade alimentar foi diferente apenas entre os subsistemas, enquanto a condição variou entre os períodos conforme o subsistema. Hoplias aff. malabaricus, emboscadora e adaptada a anorexia, foi a única com atividade alimentar independente do regime de cheias e com melhor condição corporal em períodos de águas altas. R. vulpinus, embora com variações na atividade alimentar, não mostrou alterações na condição. Já, as demais espécies mostraram tendências de baixa condição corporal em períodos ou locais de cheias regulares. As correlações mostram que duração e início regular das cheias têm efeito negativo sobre a condição corporal dos indivíduos, enquanto a magnitude e os valores médios anuais foram benéficos à tomada de alimento. A variabilidade nos níveis diários da água correlacionou-se negativamente com a intensidade na tomada de alimento. Estes resultados demonstram que as cheias regulares afetam a atividade alimentar e a condição dos piscívoros e, a resposta dada depende da existência ou não de pré-adaptação a períodos prolongados de anorexia. Ressalta-se, entretanto, que dado o papel dos pulsos de cheias no recrutamento, na disponibilidade de recursos alimentares para as fases iniciais dos piscívoros, na atenuação do canibalismo e predação intra-guilda, o controle das cheias por represamentos é desastroso também para os piscívoros.
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