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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Domestic dogs in Atlantic forest preserves of south-eastern Brazil: a camera-trapping study on patterns of entrance and site occupancy rates

Srbek-Araujo, AC.Chiarello, AG.

A presença de espécies exóticas em remanescentes florestais é um dos maiores problemas para a conservação de táxons silvestres, não apenas em ilhas, onde o impacto potencial do contato entre os grupos citados revela-se mais significativo. Apesar deste problema ser amplo e crescente, poucos são os estudos desenvolvidos em florestas Neotropicais. Neste sentido, o presente estudo objetivou caracterizar a presença de cães-domésticos (Canis lupus familiaris) em uma reserva de Mata Atlântica localizada no Sudeste do Brasil (Estação Biológica de Santa Lúcia - EBSL). A partir de dois anos de monitoramento com armadilhas fotográficas (2.142 câmeras-dia), foram obtidos 25 registros de 16 indivíduos no interior da EBSL. Com relação ao número de registros obtidos, o cão-doméstico foi a quarta espécie mais registrada, considerando a mastofauna de maneira geral, e a primeira entre os Carnivora, estando à frente da jaguatirica e da onça-parda, os dois principais predadores terrestres presentes na EBSL. Os cães-domésticos entraram na reserva durante todo o ano, apresentando registros em quase metade dos meses de amostragem (48%), predominantemente ao longo do dia (89%). Os espécimes foram detectados em várias trilhas no interior da EBSL, principalmente em áreas próximas à borda reserva ( 200 m da borda). A taxa de registros de cão-doméstico não esteve significativamente correlacionada com variáveis climáticas, com a freqüência de registros e a riqueza de mamíferos em geral, ou com alguma espécie de mamífero em particular (Correlação de Spearman, p > 0,05 em todos os casos), sugerindo uso errático e não sazonal da reserva. Os dados obtidos indicam que os cães-domésticos podem se tornar visitantes abundantes e freqüentes em pequenos remanescentes de Mata Atlântica, mesmo quando estes estão localizados em regiões com baixa densidade populacional humana. O potencial impacto do cão-doméstico sobre a fauna silvestre é discutido.

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