Feeding dynamics and ecomorphology of Oligosarcus jenynsii (Gunther, 1864) and Oligosarcus robustus (Menezes, 1969) in the Lagoa Fortaleza, southern Brazil
Nunes, D. M.Hartz, S. M.
Oligosarcus jenynsii e Oligosarcus robustus são peixes pertencentes à família Characidae, sendo espécies ocorrentes no Rio Grande do Sul, Uruguai e norte da Argentina. Este estudo objetivou analisar os índices de repleção e hepatossomático e o fator de condição ao longo do tempo, fazer uma análise quali-quantitativa da dieta, e avaliar a segregação temporal e espacial ao longo da coluna d´água e ecomorfologia, como parâmetros de coexistência entre estas duas espécies. Os exemplares foram amostrados mensalmente, de maio de 2000 a abril de 2001, durante 24 horas/mês, com o auxílio de redes de espera de diversas malhagens. De cada indivíduo foram registradas medidas de comprimento total e padrão, peso total, peso do estômago e do fígado, sexo e estádio de repleção estomacal. Os resultados demonstram que O. jenynsii e O. robustus não apresentam um período alimentar definido, alimentando-se durante todo o tempo conforme a variação dos valores médios do índice de repleção, bem como das freqüências relativas dos estádios de repleção estomacal. O índice hepatossomático demonstra uma alocação de energia para o fígado durante todo o período, exceto na época reprodutiva, quando a energia é transferida para a maturação gonadal. O fator de condição estimado para as duas espécies revelou um aumento na época reprodutiva, evidenciando a influência das gônadas na condição em que se encontra o peixe. As análises na dieta revelaram que O. robustus é piscívoro, enquanto O. jenynsii se mostrou um carnívoro mais generalista, tendendo à piscivoria. O período de atividade das espécies foi crepuscular e está diretamente relacionado com a captura de presas. As análises ecomorfológicas revelaram diferenças no tamanho da cabeça e dimensões da boca entre as espécies. Os resultados obtidos sugerem que as espécies coexistem partilhando o recurso alimentar, diferindo em sua morfologia bucal, ingerindo, no entanto, presas similares porque o alimento pode não ser um fator limitante no ambiente.
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