Implicações do consumo e percepção ecológica para o manejo de tartarugas marinhas no litoral norte de São Paulo
Damasio, Ludmila de Melo AlvesCarvalho, Adriana Rosa
Comunidades pesqueiras tradicionais, em geral, possuem conhecimento ecológico sobre os recursos explorados, ainda que eles não sejam alvo da pescaria. Uma vez que características pessoais e culturais podem determinar o consumo das capturas e o conhecimento ela relacionado, espera-se que pescadores mais velhos possuam maior conhecimento e hábitos de consumo mais arraigados. Esse trabalho objetivou coletar informações em cinco comunidades de pescadores do litoral norte de São Paulo, onde existe o emalhe de tartarugas marinhas para testar se: i) há diferença no consumo de tartaruga marinha; ii) características socioeconômicas determinam este consumo; e iii) a percepção ecológica depende de características socioeconômicas dos entrevistados/informantes. O consumo de tartarugas marinhas é distinto e inversamente correlacionado ao relato do emalhe das tartarugas ao Tamar (Pearson r=-0,9; p<0,05) e parece ser influenciado pela distância da costa em que a captura deste animal ocorre (e não por fatores socioeconômicos). A idade, escolaridade e anos de pesca determinaram o conhecimento ecológico sobre as tartarugas marinhas, de forma que pescadores mais jovens e com mais anos de estudo conhecem mais sobre alimentação, visto que Ubatuba é área de forrageio desta espécie e não de ciclos reprodutivos. Esse resultado contrariou as premissas de que os pescadores mais velhos com mais anos de pesca teriam maior conhecimento ecológico. Embora haja o emalhe de tartarugas nas redes de pesca em todas as comunidades, no Itaguá e Cedro este emalhe caracteriza um by-catch, já que os animais capturados são soltos após registro pela equipe do Tamar.
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