Utilização de modelo biológico experimental na ação soroneutralizante de toxinfecção sistêmica por cepa de Staphylococcus pseudintermedius
Souza, CWarth, J. F. GAgottani, J. V. BMoura, JMaluta, R. PCardozo, M. VÁvila, F. A
O objetivo deste estudo foi avaliar a proteção conferida por soro hiperimune policlonal contra a toxinfecção intraperitoneal por Staphylococcus pseudintermedius (S. pseudintermedius) utilizando como modelo biológico experimental camundongos passivamente imunizados pela via intraperitoneal com 0.5 mL de soro canino com título 512 de anti-hemolisina Beta a qual foi considerada como marcadora da expressão fenotípica de virulência tóxica. Para realização do experimento foram constituídos dois grupos de animais (I e II) compostos por 32 camundongos (Mus musculus) cada um, tendo o grupo controle (II) recebido igual volume de solução fisiológica pela mesma via. Os dois grupos foram desafiados com inóculo contendo 2,5 x 1010 U.F.C. diluídas em caldo BHI com 16 UH (Unidades Hemolíticas) de toxina Beta, correspondente a 1.5 DL50. O indice de sobrevivência foi avaliado 24 horas após o início do experimento alcançando 97% no grupo I e 33% no grupo II. A avaliação da eficácia soroterápica antitóxica, medida pela Fração Evitável, alcançou índice de proteção de 87%. No grupo imunizado passivamente, observou-se a presença bacteriana nos lavados peritoneais durante todo o experimento. As contagens bacterianas no baço dos animais imunizados apresentaram tendências decrescentes até às 84 horas após o desafio. A partir de 108 horas após o desafio observou-se no grupo I a formação de pequenos abscessos localizados principalmente na superfície hepática, linfonodos mesentéricos, peritôneo parietal e diafragma. A proteção conferida pelo soro hiperimune policlonal desempenhou um papel importante em relação aos fatores de virulência toxigênicos do S. pseudintermedius. Apesar da constante presença bacteriana na cavidade peritoneal dos animais imunizados, a neutralização das toxinas possibilitou a sobrevivência dos animais desafiados demonstrando o importante papel das mesmas na virulência do S. pseudintermedius, principal agente etiológico nas piodermites caninas. Face aos resultados de proteção obtidos neste modelo biológico, a utilização terapêutica de soro hiperimune em pacientes imunocomprometidos ou a utilização de um toxoide em infecções localizadas poderão se tornar uma alternativa viável no controle destas toxinfecções em cães.
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